Carta aberta!
30 de Setembra de 2007
Carta aberta à minha equipa
Em Novembro próximo faz um ano que me magoei no joelho direito num jogo em Vigo. E também por esta altura faz 10 anos que treinei rugby pela primeira vez. Quando me magoei, há um ano, estava longe de imaginar o que se iria passar e que estaria privada de treinar e jogar até hoje...
Desde aí, tenho passado momentos difíceis e emoções contraditórias mas, neste momento, acredito que, de uma forma ou de outra, sou capaz de ultrapassar essa fase menos boa. Assim, e sem querer dissertar acerca de coisas menos boas, creio que este é um bom momento para partilhar convosco algumas reflexões que, inevitavelmente, tenho feito.
O rugby tem-me ensinado muitas coisas - a paixão incondicional, o dar sem receber, a capacidade de nos superarmos sempre, a importância do trabalho e do espírito de equipa, a capacidade de aceitar a contradição, a derrota e os erros, meus e dos outros, e tantas outras...
Mas uma das maiores lições, talvez uma das mais simples (e dolorosas), foi a seguinte:
Quando amamos verdadeiramente, devemos fazê-lo com tudo de bom que temos e somos - dedicação, humildade, força, paciência, abnegação... porque a qualquer momento, quando menos esperamos, podemos ver-nos privados do objecto desse amor... E aí, pode ser impossível voltar atrás! A sensação mais provável será a de que não fizemos tudo o que podíamos, que não demos o suficiente. Então, se isso for verdade, pouco poderemos fazer, a não ser arrumar esse sentimento num cantinho da nossa vida...
O rugby é chamado de muitas coisas: escola de vida, filosofia, religião, paixão... às vezes tento perceber ou definir o que é para mim. Mas sabem que mais?? Isso não me importa. Porque se não tenho a certeza da sua definição ou caracterização, tenho a certeza de como me preenche e de todas as sensações e sentimentos bons que me provoca. Tenho a certeza das saudades que sinto, até das coisas mais básicas como calçar umas chuteiras, treinar à chuva, cheirar a terra molhada, sentir o corpo dorido, mas realizado. Saudades do frio na barriga quando se ouve o apito, quando a bola vem do alto mesmo na nossa direcção... Saudades do peito ofegante, do suor e da lama, do calor da batalha, do abraço no grito, da união sincera...
Saudades disso tudo que vocês sabem que não cabe aqui... Como alguém disse um dia:
"Na vida, como no rugby, se perdem um jogo perdem pouco, se perdem a honra perdem muito, mas se perdem a coragem perdem tudo!"
Um abraço de primeira linha!
(pode ser?)
Catarina (Abnóxia, também)
Carta aberta à minha equipa
Em Novembro próximo faz um ano que me magoei no joelho direito num jogo em Vigo. E também por esta altura faz 10 anos que treinei rugby pela primeira vez. Quando me magoei, há um ano, estava longe de imaginar o que se iria passar e que estaria privada de treinar e jogar até hoje...
Desde aí, tenho passado momentos difíceis e emoções contraditórias mas, neste momento, acredito que, de uma forma ou de outra, sou capaz de ultrapassar essa fase menos boa. Assim, e sem querer dissertar acerca de coisas menos boas, creio que este é um bom momento para partilhar convosco algumas reflexões que, inevitavelmente, tenho feito.
O rugby tem-me ensinado muitas coisas - a paixão incondicional, o dar sem receber, a capacidade de nos superarmos sempre, a importância do trabalho e do espírito de equipa, a capacidade de aceitar a contradição, a derrota e os erros, meus e dos outros, e tantas outras...
Mas uma das maiores lições, talvez uma das mais simples (e dolorosas), foi a seguinte:
Quando amamos verdadeiramente, devemos fazê-lo com tudo de bom que temos e somos - dedicação, humildade, força, paciência, abnegação... porque a qualquer momento, quando menos esperamos, podemos ver-nos privados do objecto desse amor... E aí, pode ser impossível voltar atrás! A sensação mais provável será a de que não fizemos tudo o que podíamos, que não demos o suficiente. Então, se isso for verdade, pouco poderemos fazer, a não ser arrumar esse sentimento num cantinho da nossa vida...
O rugby é chamado de muitas coisas: escola de vida, filosofia, religião, paixão... às vezes tento perceber ou definir o que é para mim. Mas sabem que mais?? Isso não me importa. Porque se não tenho a certeza da sua definição ou caracterização, tenho a certeza de como me preenche e de todas as sensações e sentimentos bons que me provoca. Tenho a certeza das saudades que sinto, até das coisas mais básicas como calçar umas chuteiras, treinar à chuva, cheirar a terra molhada, sentir o corpo dorido, mas realizado. Saudades do frio na barriga quando se ouve o apito, quando a bola vem do alto mesmo na nossa direcção... Saudades do peito ofegante, do suor e da lama, do calor da batalha, do abraço no grito, da união sincera...
Saudades disso tudo que vocês sabem que não cabe aqui... Como alguém disse um dia:
"Na vida, como no rugby, se perdem um jogo perdem pouco, se perdem a honra perdem muito, mas se perdem a coragem perdem tudo!"
Um abraço de primeira linha!
(pode ser?)
Catarina (Abnóxia, também)
7 Comments:
At quarta-feira, outubro 17, 2007 12:42:00 da tarde, americo5787 said…
Peço desculpa pela demora, mas só ontem tive acesso ao texto!
At quarta-feira, outubro 17, 2007 6:17:00 da tarde, Unknown said…
Vais matar toda essa saudade depressa Catarina, o teu regresso está para breve :) eh continuar a trabalhar, ter esperança e optimismo na vida :)
A equipa espera por ti no relvado, okaizinho?
Beijoca enorrrrrrrrme
At quarta-feira, outubro 17, 2007 8:24:00 da tarde, Anónimo said…
Grandes as virtudes do rugby!E que esse teu orgulho de pertencer a essa equipa continue, bom regresso Catarina
At segunda-feira, outubro 22, 2007 3:33:00 da tarde, Anónimo said…
Catarina...
Volta e depressa que já estás curada. Queria eu ser parte do placebo, queria eu aos poucos também recuperar a forma fisica com a mesma certeza com que o fiz da outra vez. Só para poder jogar ao V. lado, com um sorriso. E sempre com a mesma dificuldade de não saber o que dizer antes de entrarmos em campo. Vai voltar a acontecer...Para ti já falta pouco... porque o pior já te aconteceu: deixar de jogar!
Eu condenei-me a um exilio...
Vamos voltar a fazer História? Eu ajudo de longe, como puder.
Um abraço espremido
At terça-feira, outubro 23, 2007 11:29:00 da manhã, Anónimo said…
Catarina
Como tua amiga e " adversária em campo ", não podia ficar indiferente às tuas palavras, um texto lindo e com bastante sentimento, confesso que me veio uma lagriminha ao olho, coisa que em mim não é dificil de acontecer, quando se fala de Rugby...
Desejo-te mais uma vez rápidas melhoras e que voltes em GRANDE para os relvados.
Beijinho Sofia Nobre
At quarta-feira, outubro 24, 2007 10:16:00 da tarde, Isabel Ozorio said…
Espero que voltes o mais rápido possível. Adversárias com este nível, há poucas.
Rápidas melhoras
Isabel Ozorio
CDUP
At quinta-feira, novembro 01, 2007 7:07:00 da tarde, Anónimo said…
- «Quando amamos verdadeiramente, devemos fazê-lo com tudo de bom que temos e somos - dedicação, humildade, força, paciência, abnegação... porque a qualquer momento, quando menos esperamos, podemos ver-nos privados do objecto desse amor... E aí, pode ser impossível voltar atrás!»
Os trajectos são por vezes tortuosos e podem deixar mazelas, mas não nos podemos privar de lutar pelo que realmente importa, aquilo que temos, ou que descobrirmos ter como paixão. Nunca é demasiado tarde para a descobrir, nem nunca é demasiado cedo para a sentir. Uma certeza: quando se sente, não há contraditório. Paixão não mente.
As boas experiências ficam sempre e se é verdade que por vezes a vida nos prega certas partidas, também é verdade que não ganhamos nada rendendo-nos a elas - o típico baixar os braços.
Talvez a melhor lição que possamos tirar deste tipo de experiências esteja aí, no reconhecer que também elas podem ser efémeras e que, portanto, devem ser vividas e reconhecidas como o que de melhor e de mais valioso podemos extrair da vida – a começar na capacidade de partilha. Um sorriso, um toque, uma palavra de conforto, um grito de guerra, a confiança depositada num objectivo, a certeza que haverá alguém ao nosso lado, um gesto de vitória…
Quanto ao «dar sem receber», esse é um poder que raramente reconhecemos como sendo nosso. Associamos sempre ao «dar» receber algo em troca, mas a verdadeira paixão dá-se, simplesmente. Ela nem sempre pressupõe retorno, mas existe para ser partilhada. Uma das maneiras mais nobres de o fazer é sorrir.
Descobris-te que é assim que deve ser. O sorriso não desapareceu e tiveste o descaramento de retirar das vivências em campo uma lição de vida. Só por isso, já és uma vencedora.
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