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Blog da equipa feminina do Clube de Rugby de Arcos de Valdevez

sábado, fevereiro 16, 2008

RÂGUEBI & LITERATURA



João Lopes
(crítico
)
Em futebol, quando se diz do marcador de um golo que "entrou pela baliza dentro", sabemos que estamos perante uma excepção: ou aconteceu um daqueles momentos mágicos em que o jogador finta todos os adversários e chega sozinho à linha de golo, ou então a defesa batida não está nos seus melhores dias... No râguebi, a lógica é mesmo essa: na maioria das situações, a obtenção de pontos resulta não do arremesso da bola mas do seu transporte. O objectivo é mesmo chegar lá ao fundo e... marcar! Assim, por exemplo, nesta imagem do recente País de Gales-Escócia (30-15), partida da segunda jornada do Torneio das Seis Nações (até 15 de Março). Tudo se passa nessa zona em que faz toda a diferença estar "para cá" ou "para lá" da linha. Nesse sentido, podemos perceber que a visão banal do râguebi como um desporto "violento" carece de fundamento. Bem pelo contrário, prevalece aqui uma frontalidade (física e ética) em que a acção sobre o corpo do adversário se mede apenas em termos de força e resistência. Aliás, não há "golos", mas "ensaios", palavra que não deixa de ter algumas saborosas ressonâncias literárias.



DN - 15-02-2008